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A Alemanha antes da 1ª guerra mundial

 

Diferente de países como Inglaterra e França, a Revolução Industrial na Alemanha ocorreu tardiamente, tendo se iniciado em meados do século XIX, durante o período da Confederação Germânica (1814 - 1871), porém a sua intensificação deu-se após a unificação alemã, durante o Império (1871-1918). O crescimento industrial neste período foi tão forte e rápido, que, em poucos anos, a indústria alemã conseguiu concorrer com países que já passavam pela 2ª fase da Revolução Industrial. A rápida passagem de um país praticamente rural para uma potência industrial culminou em uma explosão demográfica nas grandes cidades. Enquanto a arquitetura se perdia cada vez mais em um ecletismo caótico, em moldes vitorianos, a habitação permanecia exclusiva ao setor privado, sob forte especulação imobiliária. Dessa forma, a nova camada social, o proletariado, que crescia conforme o acelerado ritmo industrial, aglomerou-se em Mietskasernen (casebres de aluguel), espécies de cortiços.

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Em um primeiro momento, a situação caótica das cidades gerou uma certa repulsa à cidade industrial e à máquina, às quais atribuiu-se a responsabilidade pelas péssimas condições de vida da população. Os movimentos de reforma que se opunham ao rebuscado ecletismo, que já não fazia sentindo algum nessas cidades, foram profundamente influenciados pelo Arts and Crafts inglês e, em torno de 1890, começaram a propôr a produção de bens através de oficinas, baseadas na ideia das corporações de ofício medievais e no caráter educativo dos processos criativos do artesão. Os objetivos eram a elevação da qualidade dos produtos industriais, substituindo as mercadorias de massa, e a integracão do trabalhador, que deveria se orientar pela busca de uma unidade estilística, no processo produtivo. Nesse contexto, surge, em 1907, o Deutscher Werkbund  (Confedereção alemã do trabalho), uma associação de arquitetos, artistas, empresários e industriais, interessados no refinamento da produção industrial, que ocorreria através da unificação da indústria, artes e ofícios, do seu caráter educativo e da propanganda. Pretendia-se estender a busca por uma unidade estética a diversas escalas de projeto, "da almofada do sofá ao urbanismo", como dizia Hermann Muthesius, um de seus principais fundadores. A busca por uma cultura unificada se dá mais no campo intelectual do que técnico, dados o seu caráter utópico e o fato de que a sua própria origem é uma resposta aos problemas sociais de uma época. Forçado pelo contexto, o grupo deixa o caráter individual da concepção artística, defendido por Henry van de Velde, em direção à padronização, defendida por Muthesius, buscando novas formas para elevar a qualidade da inevitável produção em massa. Anos mais tarde, o Deutscher Werkbund teria um papel fundamental na consolidação do estilo do Neues Bauen.

 

 

Também como uma reação aos problemas sociais das cidades industriais, o conceito de cidade-jardim do inglês Ebenezer Howard ganha um enorme espaço na arquitetura produzida até a 1ª Guerra Mundial na Alemanha. O primeiro exemplo concretizado é Hellerau, nos arredores de Dresden, idealizado pelas Deutsche Werkstätte für Handwerkkunst (Oficinas Alemãs de Artes Aplicadas) em 1907. Isolado da grande cidade, o proprietário do conjunto não era mais privado e sim uma cooperativa; tanto a cidade-jardim em si quanto uma fábrica para a produção de móveis padronizados foram projetados em um mesmo complexo, além de outras instalações de produção e estabelecimentos culturais. Projetado por membros do Deutscher Werkbund, Hellerau tornou-se em 1909 sua sede e, devido à sua vida cultural intensa, agiu também como difusor das ideias do grupo. Embora esse modelo de cidade-jardim não tenha se sustentado nos conjuntos habitacionais do pós-guerra, ele exerceu  uma enorme influência em sua concepção urbana, principalmente na ideia de se incentivar uma coletividade, tanto na escala da cidade quanto na sua dinâmica interna.

 

 

Ao lado, da esq. para a dir.: 

Planta de um pavimento de uma Mietskaserne em Berlim. Cada cor representa uma unidade habitacional, geralmente com apenas um cômodo (excluindo cozinha e toillette). Até 30 pessoas chegavam a morar em uma única unidade;

Mietskasernen. Berlim, 1900.

Ao lado, de cima para baixo: Hugo Krayn. Metropolis. Berlim, 1914.

Deutsches Historisches Museum;

Fábrica de máquinas da Companhia Richard Hartmann. Chemntiz, 1868.

Ao lado: Hellerau. Dresden, 2013.

Ao lado: moradia no porão de uma

Mietskaserne. Sorauer Straße, Berlim, 1908

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