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Por quê?

Este site foi criado a partir do meu Trabalho Final de Graduação, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, como uma forma de complemento à exposição realizada na FAU Maranhão¹ no mês de junho de 2014. O tema do trabalho surgiu da combinação do meu interesse pela arquitetura do Neues Bauen com a constatação da escassez de literatura relacionada ao tema disponível no Brasil², que é praticamente limitada à Bauhaus. Embora o movimento tenha abrangido a arquitetura e o urbanismo de um modo geral (habitacional, industrial, comercial, institucional etc.), o meu foco neste TFG foi a habitação social, realizada através da atividade de cooperativas de construção e políticas governamentais, sobretudo na década de 20. Trata-se de um fato até então inédito na história da habitação na Alemanha, em que a produção de moradia era exclusiva ao setor privado.

 

O déficit habitacional, que, em função do crescimento desordenado das cidades a partir da metade do século XIX, já era grande, torna-se ainda maior no pós-guerra e caracteriza uma situação de emergência, que é, certamente, um dos fatores que levam a uma intervenção do Estado na produção de habitação e que contribuem para a procura de novas e mais eficientes maneiras de se produzir arquitetura. Entretando, a busca por uma nova arquitetura, que correspondesse ao novo modo de vida na sociedade do início do século XX é anterior à guerra e, obviamente, não se restringia à Alemanha. Tal busca era tão forte lá quanto na Holanda ou na França por exemplo. Porém, a politização do debate arquitetônico é o que chama atenção no caso alemão: durante os anos da República de Weimar (1919 - 1933), devido sobretudo ao "patrocínio" por parte do Estado à produção de habitação social de acordo com uma nova arquitetura, associada à ideia de uma nova era, o "novo estilo" ganhou considerável destaque na imprensa, envolvendo a sociedade nesse debate.

 

Um outro fator que me chamou a atenção para os conjuntos habitacionais produzidos durante o Neues Bauen foi a integração de diversas escalas de projeto, que abrange desde a escala do município até a do mobiliário. As equipes responsáveis por esses projetos tratavam tanto do desenho urbano do conjunto, quanto dos edifícios e unidades, além de equipamentos (lavanderias, creches, comércio etc.). Frequentemente, também propunham e projetavam um novo mobiliário, adequado aos novos padrões de moradia. Tal unidade de projeto mostra como a nova arquitetura de fato adequava-se às novas necessidades, bem como propõe uma nova maneira de habitar.

 

 

 

A ideia de uma exposição surgiu mais como um meio do que como um fim, embora ela seja o principal produto do TFG. O meu foco esteve em seu conteúdo e não em sua organização (linguagem visual, montagem etc.). Isso não significa que não houve um trabalho em relação aos aspectos formais e práticos; pelo contrário: experimentei diversos formatos de cartazes e estruturas de apresentação, sempre buscando uma liguagem que fosse o mais clara e simples possível. Um dos maiores dilemas foi a quantidade de informações que eu tinha juntado e, ao mesmo tempo, a impossibilidade de colocar textos muito longos, uma vez que a maioria das pessoas não os lê. Tentei, então, traduzir esses dados visualmente sempre que possível.

 

A exposição divide-se em duas partes principais: a primeira apresenta um panorama do Neues Bauen e o contexto em que o movimento se desenvolveu, buscando mostrar as várias situações em que ele se expressou. A segunda e mais importante parte trata de estudos de caso e subdivide-se em três: 6 conjuntos habitacionais em Berlim (Falkenberg, Schillerpark, Hufeisensiedlung, Weiße Stadt, Siemensstadt e Carl Legien), 3 em Frankfurt (Praunheim, Römerstadt e Westhausen) e 1 em Karlsruhe (Dammerstock). Todos eles seguem uma mesma lógica: primeiro apresenta-se um pequeno texto sobre o projeto, a sua comunicação com a cidade e a sua relação com o entorno. Em segundo lugar, apresenta-se o projeto do conjunto em si, no qual estão destacadas as informações importantes, tais como os equipamentos projetados, as fases de construção, os arquitetos envolvidos, o modo construtivo, entre outras, e indicados os pontos em que tirei as fotos, de modo que o espectador possa fazer um "passeio imaginário" por esses conjuntos. Ao lado das fotos, coloquei alguns exemplos de tipologias, que também estão indicadas no mapa do conjunto. A confeccção dos cartazes desta parte demandou basicamente: 1. definir uma lógica visual e também de conteúdo aplicável a todos os conjuntos; 2. traduzir informações visualmente; 3. selecionar fotos e desenhos, de modo a mostrar o que é relevante em cada conjunto; 4. redesenhar todas as plantas e cortes selecionados, uma vez que foram ou escaneadas de livros antigos (em sua maioria) ou encontradas em arquivos digitais (desenhos originais escaneados); 5. refazer todos os percursos, para colocar as indicações, a fim de organizar a leitura.

A exposição

 

1. a ideia inicial era de realizar a exposição no piso do museu da FAUUSP, porém, devido à situação do edifício durante a reforma, a exposição foi transferida para a FAU Maranhão.

 

2. a maior parte do material de pesquisa foi coletado na Alemanha, durante o meu intercâmbio com a Universidade de Stuttgart, entre 2012 e 2013, e durante uma viagem de estudos entre os meses de janeiro e marçode 2014.

 

 

Todas as imagens que foram retiradas de livros e catálogos estão aqui publicas com fins meramente acadêmicos.

 

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